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Between the cross and the sword: evangelization and indigenous enslavement in Spanish and Portuguese America in the 17th century

Autor: Fabricio José Nazzari Vicroski

ISBN: 978-65-86000-67-2

2021

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O ano de 1632 assinala a fundação da redução jesuítica de Santa Teresa del Curiti, no atual estado brasileiro do Rio Grande do Sul. A chegada dos jesuítas e o estabelecimento dos povoados missioneiros na banda oriental do rio Uruguai, são episódios relacionados aos desdobramentos históricos dos ataques bandeirantes às reduções fundadas nas regiões de Itatim e Guairá, situadas na margem esquerda do rio Paraná. Os bandeirantes tinham como objetivo a captura dos indígenas aldeados a fim de comercializá-los como mão-de-obra escrava. Tratava-se de um povoado próspero e de localização estratégica. Sua população superou quatro mil pessoas. Dentre os aldeados figuravam índios Guarani e Jê, regionalmente cognominados de Tape e Guañana. Seduzidos pelo lucrativo comércio escravagista, os sertanistas paulistas lançaram-se sobre os aldeamentos missioneiros. No ano de 1637 a redução de Santa Teresa foi invadida por bandeirantes comandados por André Fernandes. Os indígenas foram aprisionados e comercializados como escravos. Plenamente cientes da localização estratégica da redução, os bandeirantes estabeleceram ali o arraial do Igaí ou dos Pinhais. Seria esse o primeiro povoado fundado pelos paulistas no Rio Grande do Sul. Durante mais de três décadas o local serviu como base de apoio para a penetração luso-brasileira em direção ao interior do território sul-rio-grandense - então domínio da coroa espanhola - auxiliando na tomada dos demais povoados missioneiros e também em campanhas militares, como a Batalha do M’bororé ocorrida em 1641. A partir dessa base os bandeirantes lançaram-se em investidas para o oeste, sul e sudoeste. O arraial do Igaí se consolidou como o polo irradiador dos exploradores escravocratas luso-brasileiros do Rio Grande do Sul do século XVII, precedendo em um século o marco da ocupação oficial desse território pelos colonizadores portugueses. Estima-se que cerca de 30 mil indígenas tenham sido subjugados durante as investidas bandeirantes. Outras dezenas de milhares foram desestruturadas, mortas ou emigradas. A dinâmica de povoamento tradicional das populações nativas foi desarticulada. A disputa territorial alçou um novo patamar. Os embates regionais refletiam o contexto geopolítico das potências ultramarinas. A presente obra busca evidenciar a importância histórica dos fatos ora arrolados, demonstrando que tais acontecimentos tiveram profundas implicações históricas, sociais, econômicas e geopolíticas na formação do Rio Grande do Sul.

 

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